São Paulo, 23 de Dezembro de 2011

Escudeiro, ombro-amigo... Já não sei qual denominação dar-te, meu amigo. Só sei que estás comigo nas situações mais difíceis, nos momentos de escuridão e calidez. Obrigado.
E foi numa noite fria como essa que eu vi um anjo manifesto em corpo humano em minha frente. Um anjo diferente do que muitos imaginam. Parou em minha frente uma mulher muito linda, vestida de minissaia, meias arrastão, uma pequena blusa e um sobretudo preto. Fiquei pasmo diante de tanta beleza e pouco  me atentei para roupa que indicaria outras coisas pra mim...
Mariana era o seu nome. Ela parou diante de mim e estendeu-me a sua mão; perguntou-se se eu estava com fome e, sem palavras, disse que sim. Ainda houve tempo para que ela comentasse que nunca tinha me visto por ali; comendo aquele sanduíche, só consegui olhar e vê-la indo embora. Aquele rebolar feminino, mas cuidadoso... Ouvi-a dizendo que voltaria no outro dia.
Como, me diga como um encontro tão inesperado e repentino mexe tanto com uma pessoa? Aquele anjo que foi enviado para acalentar a dor e a fome conseguiu fazer isso; conseguiu me encantar de um modo extraordinário a ponto de deixar-me esperando-a o dia todo até a noite. E o fiz.
Ela apareceu de repente e me abraçou. Era como se aquela pequena chama de amor que estava em meu coração, já fraca, virasse uma grande chama que ardia em cada palavra que Mariana dirigia a mim. Naquela noite ela me contou da sua história, me falou que sofria naquela vida, mas estava lá por motivos maiores, por forças maiores arrastarem ela pra aquela vida, pelo abandono de tudo e todos...
Hoje, só de lembrar minha alma se contorce dentro de mim, e me sobrecarrego de vergonha...
Foi inevitável: nos víamos todas as noites, e todo os dias eu a aguardava ansioso; e quando a via meus olhos marejavam, minhas pernas perdiam as forças e minhas mãos tremiam... Tentei, mas não pude por freio nas rédias do coração... Me apaixonei por ela. Não importava por quantos e tantos que ela tinha sido aquela noite, depois do seu trabalho ela seria minha, sua atenção, carinho e olhares seriam meus.
Levei todo esse sentimento a frente, até o dia em que... Naquela noite ela fez questão de me levar para um albergue e tomar um banho... Um gesto que ninguém fazia por mim fazia muito tempo.... E sem pensar muito, ao chegar na "minha casa" novamente, meus lábios, repentinamente, encontraram os seus. Ela retribuiu, mas tao repentino foi o beijo, assim fora sua saída.
Ela poderia ter homens que ela quisesse, poderia estar com quem ela quisesse, mas preferiu me beijar, preferiu estar comigo, ali debaixo daquela ponte, numa cena nada romântica... Mantivemos aquele "amor" até quando eu caí em mim mesmo, até perceber que toda aquela carência e ausência que eu estava passando deu lugar ao mais valioso sentimento, mas entreguei a um anjo... Só de imaginá-la longe de mim seria uma grande decepção... Preferimos não dar mais vida àquele amor e deixar passar...
Sinto vergonha de mim mesmo, sinto um pesar em minha alma só de lembrar que um dia eu beijei a Mariana, que um dia eu me apaixonei por aquela que...
Ela me convidou para ir para sua casa passar o Natal com sua pequena família. Eu irei, mas não passará desta noite sem que eu lhe conte a verdade que eu descobri com o passar do tempo...
Perdoe-me, Senhor, por ter me deixado levar por um sentimento tão nobre, mas eu entreguei-o a um anjo, para aquela que confiastes a mim, que colocou em meu caminho para me ajudar... Mas simplesmente obrigado, por ter um cuidado tão precioso por mim... Dá-me forças, porque desde já sinto a verdade corroer meus ossos...

2 comentários:

  1. Emocionante. É pra aprendermos que mesmos nos dias nebulosos e complicados, algo simples pode mudar o roteiro. :D

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  2. É verdade, Nagai. E muitas surpresas ainda acontecerão. Esse encontro de Natal promete muita coisa. Com certeza se continuar acessando vai se surpreender! Abraço

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